O vôo visual noturno requer das tripulações um alto grau de padronização, visando reduzir ao mínimo os riscos inerentes a esse tipo de operação com helicópteros. Quando tratamos do vôo visual noturno (VVN) em campanha, a necessidade de um perfeito entendimento das manobras realizadas nas missões aumenta significativamente de importância.
O vôo visual noturno é regido pelas Instruções do Comando da Aeronáutica (ICA), que determinam as condições de teto, visibilidade e distâncias máximas permitidas para a realização dessa atividade. As regras das ICA devem ser de conhecimento de todos os pilotos, quer civis ou militares e serão seguidas sempre que os vôos ocorram sobre normas da aviação geral. Já o VVN em campanha basear-se-á nas regras das ICAS sempre que a operação militar permitir, porém possuirá procedimentos específicos, determinados pelo comando da força de aeronaves militares que realiza a missão e decorrentes das condições em que é executado o vôo.
Na Aviação do Exército Brasileiro, o VVN em campanha é regido, além das ICA, pelas Normas Operacionais do Comando de Aviação do Exército (CAvEx) e por uma nota de instrução do Centro de Instrução do Exército (CIAvEx). Na nota de instrução do Centro de Instrução de Aviação do Exército, o procedimento para ascensão após a arremetida do balizamento dava margem para que cada Unidade Aérea da Aviação do Exército decidisse como a realizaria. O CIAvEx, durante os cursos realizados neste estabelecimento de ensino, padroniza uma forma de execução da subida que é acatada na maioria das unidades aéreas da Aviação do Exército, mas que não constava dos manuais de instrução. Tendo em vista alcançar um maior índice de padronização no âmbito da Aviação do Exército nas manobras do VVN em campanha, o CIAvEx propôs a inclusão na nota de instrução e a adoção, se for julgado adequado pelas unidades do CAvEx, de um circuito específico para a ascensão após a arremetida do balizamento.
Atualmente a nota de instrução informa que após a arremetida, a aeronave deve subir até a altitude da rota, bloquear o balizamento e seguir na proa do próximo local de pouso. Segundo a proposta do CIAvEx, essa subida para a altitude de rota seria padronizada através de dois circuitos: um inicial e um após o rebloqueio. Esses circuitos de ascensão são realizados tantas vezes quanto necessários até que a aeronave atinja a altitude desejada. Só então, a aeronave abandona o circuito com o rebloqueio do balizamento.
A seguir apresentamos a transcrição do texto de padronização proposto pelo CIAvEx com as respectivas representações gráficas.
"...e. Decolagem
1) Objetivo
Realizar a decolagem noturna, com indicação positiva no “CLIMB” de, no mínimo, 500 pés/min até atingir a altura do circuito de tráfego noturno (700 pés de altura).
2) Características da Manobra
a) Verificar, pelos gráficos de desempenho da aeronave, se ela está em condições de imprimir 500 pés/min de razão de subida na Vy e 300 pés/min na vertical;
b) Ao iniciar o aumento de passo coletivo para iniciar a decolagem, os faróis devem ser apagados;
c) Somente quando a razão de subida for igual ou maior a 300 pés/min na vertical, iniciar o deslocamento para a frente;
d) Após a aeronave atingir 60 nós, imprimir uma razão mínima de 500 pés e máxima de 1000 pés/min até atingir altura de 700 pés;
e) A aceleração para 60 nós deve ser lenta, para permitir que a aeronave suba mais do que se desloque para frente. Uma atitude picada em demasia pode aumentar o risco de desorientação;
f) Se a altitude em rota for superior aos 700 pés de altura em relação ao balizamento, ao atingir 700 pés na reta de decolagem, realizar curva de 1 minuto para o lado do piloto que está nos comandos (perna de través) permanecendo em ascensão;
g) Ingressar na perna do vento e manter uma razão de 500 pés/min (no mínimo) com velocidade de 70 nós. No través do ponto de toque (balizamento), cronometrar 45 segundos de deslocamento, ainda na perna do vento;
h) Após o deslocamento de 45 segundos na perna do vento, iniciar curva de 1 minuto (perna base) até enquadrar a direção do rebloqueio do balizamento (reta final), mantendo a razão de subida e a velocidade;
i) Após o rebloqueio, estando na altitude da rota, tomar a proa do próximo ponto ou, caso contrário, ingressar em um novo circuito de ascensão, afastar 20 segundos após o rebloqueio e realizar o restante do circuito conforme o descrito anteriormente até atingir a altitude da rota e;
j) Caso a aeronave atinja a altitude da rota antes do final do circuito de ascensão, manter o traçado do circuito nivelado a 70 nós , realizar o rebloqueio e só então tomar a proa da rota.
3) Cuidados
Não permitir que a aeronave decole sem ter condições de manter sua ascensão com uma razão de:
a) 300 pés/min na vertical;
b) 500 pés/min com deslocamento à frente.
4) Erros Comuns
a) CB:
- Não checar a performance da aeronave;
b) PT:
(1) Atrapalhar-se com a utilização dos faróis;
(2) Permitir que a aeronave afunde ou diminua a razão de subida após iniciar o deslocamento à frente;
(3) Não apagar os faróis imediatamente após a decolagem.
Observações:
1) Após concluída a decolagem, o PT deverá imprimir a velocidade de 100 nós e manter a altitude prevista em rota até o bloqueio do balizamento;
2) A redução de velocidade de 100 nós para 70 nós deverá ser executada próximo a vertical.
f. Arremetida
A arremetida é uma nova decolagem, exceção feita ao início da manobra...”
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