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O Comando e Controle e o Apoio de Guerra Eletrônica da Aviação do Exército nas Missões de Combate nas Operações Aeromóveis: análise da situação atual e das deficiências
*Bernardino Sant' Ana Júnior
RESUMO:

           
O artigo trata da análise do Sistema de Comando e Controle e do elemento de apoio de Guerra Eletrônica da Aviação do Exército, o qual através da pesquisa bibliográfica, documental e estatística concluiu-se sobre a sua inadequação, verificando-se suas vulnerabilidades quanto à segurança, confiabilidade e flexibilidade, ficando evidente a utilização dos meios dependentes do Sistema Nacional de Telecomunicações durante as operações aeromóveis. Uma proposta de estrutura organizacional de uma Companhia de Comunicações de Aviação do Exército é sugerida, destacando, para os meios utilizados, o emprego do enlace via satélite.

Palavras-chave: Comando e Controle - Aviação do Exército - Operações Aeromóveis.


 
INTRODUÇÃO:
O destaque do vetor aéreo, no Exército Brasileiro (EB) e nas diversas operações, conduz a uma reflexão sobre as formas de maximização do emprego da Aviação do Exército (Av Ex), entre as quais estão o Comando e Controle e o Apoio de Guerra Eletrônica (C2 e Ap GE). As características de mobilidade e grande extensão de atuação da Av Ex resultam em um sistema de C2 dependente de um apoio de comunicações flexível e que exige medidas adicionais em seu planejamento. Esta dependência permanece ainda nos dias atuais em suas diversas missões. Este artigo trata do C2 e Ap GE da Av Ex nas Missões de Combate em Operações Aeromóveis, analisando a situação atual e as deficiências.
A Av Ex, com sede em Taubaté, foi recriada em 1986, desde então, a sua estrutura foi sendo construída juntamente com o desenvolvimento de sua doutrina de emprego. A estrutura desenvolveu-se conforme as condições orçamentárias e de pessoal que foram sendo apresentadas. A doutrina, refletida nos manuais que tratam do emprego da Av Ex (IP 1-1, IP 1-30, IP 90-1, entre outros), desenvolveu-se baseada nos princípios de emprego de cada Sistema Operacional. O resultado foi que atualmente o C2 e o Ap GE existentes possuem diferenças em relação ao previsto nos estudos doutrinários.
O EB encontra-se numa fase de escassez de recursos financeiros, onde o conhecimento de como e onde aplicar o numerário destinado à Av Ex é essencial para manter os níveis de operacionalidade. O levantamento de deficiências e do quadro atual existente pode auxiliar a direcionar os recursos financeiros para modernizar o seu sistema de C2 e Ap GE.
 
MATERIAL E MÉTODO:
O presente artigo foi baseado na dissertação de mestrado apresentada pelo autor como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro. Os resultados e discussões a seguir referem-se ao período pesquisado até o ano de 2012.
Os métodos adotados na pesquisa foram a pesquisa bibliográfica, documental e a pesquisa estatística. Na pesquisa bibliográfica foram utilizados livros, manuais doutrinários, manuais de manutenção e material disponibilizado na Internet. A pesquisa estatística foi desenvolvida através de questionários que coletaram informações para compor as ferramentas de verificação da hipótese. Os dados levantados foram tratados de forma qualitativa e quantitativa. Os resultados foram analisados quanto à coerência a cerca do C2 e Ap GE na Av Ex, principalmente sobre a atual situação.
Os questionários utilizaram a Escala de Likert estratificada. O objetivo do questionário foi o levantamento de dados sobre o C2 e o Ap GE nas operações atuais da Av Ex.
Os relatórios utilizados na pesquisa documental pertencem ao período de 2007 a 2011 e buscou-se as referências ao C2 e Ap GE observados nos mesmos. Para a conclusão da pesquisa foram confrontados os documentos pesquisados e analisados, com foco na validação ou não da hipótese, que trata da inadequação do Sistema de C2 e Ap GE na Av Ex, podendo reduzir a eficiência da atuação nas Operações Aeromóveis, especificamente nas missões de combate.
Para a aplicação da pesquisa estatística, o universo foi o dos pilotos de combate e/ou gerentes de manutenção (ou administrativos). Os oficiais com as qualificações apresentadas são os principais usuários do Sistema de C2, principalmente pelas funções que exercem no comando e no planejamento das Operações Aeromóveis e Logísticas da Av Ex. O universo contou com 254 militares da ativa, com o curso de Piloto de Combate e 153 gerentes de manutenção (ou administrativo), totalizando 407.
A amostra foi constituída de 61 indivíduos com as qualificações especificadas no universo supramencionado, foram enviados 142 formulários, dos quais 62 foram respondidos e 1 descartado (encontrava-se sem identificação), no período de 9 de agosto a 22 de novembro de 2011. O cálculo da amostra baseia-se na classificação do universo de pesquisa como finito e de amostra cujo valor (61) é maior que 5% da população (22).
 
RESULTADOS:


Os conceitos teóricos de C2 e Ap GE, verificados na pesquisa bibliográfica, foram abordados de forma a apresentar os parâmetros que podem ser utilizados para verificar a compatibilidade de um sistema de C2 de uma organização com as tarefas que esta executa.
Entre os parâmetros e conceitos abordados observa-se que os princípios de C2 e de Comunicações devem ser seguidos e que atualmente um sistema de C2 de uma entidade deve buscar agilidade e interação entre os seus integrantes além de ser capaz de compartilhar as informações sem sobrecarregar a rede.
Conforme o padrão N2C2M2 , a abordagem de C2 de uma organização pode ser classificada como Conflitante, Desconflitante, Coordenada, Colaborativa e Periférica (Edge), sendo que mais apropriado ele se torna conforme suas dimensões de Atribuição das decisões corretas, Padrões de interação e Distribuição da informação se aproximam da classificação Periférica.
Segundo ALBERTS e HAYES (2006), um fator importante na implementação de um C2 eficiente e eficaz são as redes, que podem ser classificadas de acordo as conexões entre os seus nós. O aumento da capacidade de operar de uma organização está relacionado ao grau de desenvolvimento de suas estruturas de comunicações e maximização de seu C2.
Segundo LEE e LOERCH (2006), para se verificar a performance de um sistema de C2 pode-se utilizar a velocidade e a exatidão das informações como principais índices, que devem ser compatíveis às tecnologias existentes.
Desta forma, verifica-se que os principais parâmetros, os quais o C2 atual da Aviação do Exército pode ser aferido, referem-se, principalmente, aos aspectos segurança, confiabilidade, continuidade, interação, rapidez e compartilhamento das informações.

 

MD-31-D-03

C 11-1

ALBERTS e HAYES (2006)

Autoridade

Exercício da Autoridade

  1. Definição dos objetivos / Determinação de papéis, responsabilidades e relações

Sistemática de um processo decisório

Normas e processos

Estabelecimento de regras e prazos / Monitoramento da situação e do progresso

Estrutura  (pessoal, equipamento, doutrina e tecnologia)

Recursos Humanos
Instalações
Equipamentos

Motivação e confiança
Adestramento (treinamento)
Provisionamento (Logística)

Quadro 1: Comparação dos Elementos e funções que formam o C2
Fonte: o autor
 
Devido à amplitude do emprego das operações aeromóveis, destacando-se as missões de combate, o meio eletromagnético é o mais empregado, tanto pelas aeronaves quanto pelos Batalhões de Aviação do Exército (BAvEx) e Brigada de Aviação do Exército (Bda Av Ex), no caso deste último devido às necessidades de coordenações logísticas, de operações e de Coordenação e Controle do Espaço Aéreo (CCEA). Este meio de comunicações possui como característica a flexibilidade, necessária às operações da Av Ex, e indiscrição, que precisa ser compensada pelas Medidas de Proteção Eletrônica (MPE).
O enlace satelital é capaz de atender as exigências das comunicações do emprego da Av Ex em operações por permitir o uso em grandes distâncias e seguranças das comunicações, com a desvantagem de possuir alto custo dos equipamentos e de sua utilização.
Não somente as operações necessitam de comunicações seguras e flexíveis, as atividades logísticas exigem tráfego de dados e integração com os demais sistemas, que podem estabelecer-se por equipamentos semelhantes aos Módulos de Telemática Operacionais (MTO).
Os princípios de Comunicações e características de C2, principalmente a confiabilidade, a flexibilidade e a segurança devem ser empregados nas operações aeromóveis. O estabelecimento de meios alternativos, em reserva, e que façam uso de medidas de proteção eletrônica ou segurança da informação são necessários às ligações da Bda Av Ex. A grande quantidade de enlaces também carece de uma rede rápida e que permita o compartilhamento de informações.
Mesmo em operações que não sejam conjuntas, a Av Ex realiza constantemente as ligações necessárias que incluem elementos da Força Aérea ou de uma Força Aérea Componente (FAC) em virtude da necessidade de estabelecimento de medidas de CCEA. Este fato aumenta ainda mais a sua dependência do C2 dos meios de comunicações eficientes que atendam seus propósitos.
Em relação ao Ap GE, a Av Ex tem grande necessidade de aplicar MPE e Medidas de Ataque Eletrônico (MAE) para sua própria proteção durante as operações aeromóveis, principalmente as de combate, que normalmente envolvem o espaço aéreo inimigo. Para apoiar a força terrestre na missão de apoio ao combate de guerra eletrônica, necessita-se de meios com tecnologias de MAE e Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica (MAGE), portáteis ou instalados nas aeronaves (tripuladas ou não), adequados para sua realização.
A 12ª Companhia de Comunicações Leve (12ª Cia Com L) e a 20ª Companhia de Comunicações Paraquedista (20ª Cia Com Pqdt) apoiam GU que possuem desdobramento similar à Bda Av Ex, enfrentado as mesmas dificuldades de ligação face às grandes distâncias e à mobilidade das operações. São Organizações Militares (OM) também classificadas como Forças de Ação Rápida Estratégicas, deste modo pode-se obter parâmetros auxiliares, de meios e necessidades, para a análise da situação atual do C2 da Av Ex. Estas OM possuem estruturas de comunicações compatíveis com suas responsabilidades e em suas operações buscam atender os princípios de Comunicações e de C2, destacando-se a segurança e a confiabilidade, ao estabelecerem meios alternativos em reserva e fazendo uso das técnicas de MPE, além de possuírem OM específicas para apoio de comunicações.
Na pesquisa documental e estatística constatou-se que na dimensão humana e organizacional do C2 atual da Av Ex tem-se indícios de aplicação das funções e princípios de C2. Observa-se este fato na aplicação dos procedimentos doutrinários para tomada de decisão, no estabelecimento de regras e prazos de atuação em operações, na criação de formas de treinamento, na constituição de uma estrutura de Quartel-General e Estado-Maior e na existência de sistemas de apoio a decisão compatíveis, na base administrativa da Av Ex.
Na dimensão técnica, observa-se que a estrutura de comunicações é insuficiente, por falta de material, e desatualizada em relação às tecnologias existentes. Através das descrições em diversos relatórios, das OM Av Ex, verifica-se um emprego constante de meios que dependem do Sistema Nacional de Telecomunicações (SNT), como celulares e telefonia fixa, sem características militares. Este fato tem conduzido a uma não aplicação de conceitos e princípios de C2, de Comunicações e de Ap GE.
A busca da melhoria do C2 da Av Ex existe desde sua recriação. Entretanto verifica-se que, atualmente, são constantemente registradas as necessidades de melhoria dos meios, o que denota indícios de que o próprio pessoal que opera o C2 da Av Ex percebe a sua insuficiência.
A tabulação dos dados da pesquisa estatística apresentou o resultado do questionário aplicado e a análise das respostas foi direcionada a relacionar as questões com os princípios de C2, de Comunicações e com as funções de C2 apresentadas na pesquisa bibliográfica. As respostas não apresentaram uma tendência central e simétrica na distribuição dos valores.
Como resultados a serem destacados verificou-se que nas operações analisadas o estabelecimento das ligações realiza-se com pouca previsão de meios alternativos e reservas, não caracterizando os princípios da confiabilidade e flexibilidade. O meio mais utilizado para o estabelecimento das ligações é o telefone celular, pertencente às OM da Av Ex, seguido do telefone fixo, pertencente às OM do EB.
O resultado apresenta indícios do emprego amplo do SNT, que apesar de possuir características que atendam temporariamente as ligações entre o Comando de Aviação do Exército (CAvEx) e suas OM subordinadas, possuem vulnerabilidades relativas à segurança, à continuidade e dificultam o armazenamento e a análise da informação, não devendo ser priorizados nas comunicações militares.
Um percentual de cerca de 15% dos meios utilizados são meios particulares pertencentes aos próprios militares. Este percentual mostrou-se maior que os demais meios, após o telefone celular e o telefone fixo, indicando uma necessidade de aprimoramento dos meios de comunicações e do C2 da Av Ex, pois os meios particulares são imprevisíveis quanto à segurança e à continuidade, devendo os mesmos serem evitados em comunicações militares.
Verificou-se também o baixo emprego de medidas de segurança da informação e/ou MPE, sendo que na tabulação das respostas 98% não emprega ou emprega parcialmente tais medidas. Este fato mostra que o princípio das Comunicações e do C2 da segurança não está evidenciado no C2 da Av Ex. Não evidenciar este princípio, principalmente na guerra moderna caracterizada pelo avanço da GE e da Guerra Cibernética, e a não aplicação de MPE e medidas de segurança da informação criam vulnerabilidades que aumentam o grau de insucesso das operações.
 
DISCUSSÃO:


Em DINIZ (1996), sugere-se que após dez anos da recriação da Av Ex alguns aperfeiçoamentos ainda eram necessários, entre os quais a adoção de meios de comunicações confiáveis e seguros de maneira a permitir a necessária dispersão quando de desdobramento em campanha. Verifica-se, portanto, que a adequação do C2 da Av Ex, principalmente devido a sua importância no aumento do poder relativo de combate, é reflexão já assinalada no passado.
Segundo ALBERTS e HAYES (2006), o C2 envolve sete funções principais, das quais se verifica que na Av Ex, na dimensão humana, são aplicadas a definição dos objetivos, a determinação de papéis, responsabilidades e relações e o estabelecimento de regras e prazos, pois possui regulamentos internos e cumpre o previsto nos manuais doutrinários e demais normas do EB, em relação ao C2.
A função de monitoramento da situação e do progresso é cumprida em parte, quando oferece os recursos necessários para o C2 nas instalações internas das OM. Fora de sede os meios de comunicações são insuficientes para manter o perfeito estado de monitoração, pois carecem de segurança, confiabilidade e flexibilidade.
Através das pesquisas de clima organizacional, do processo de controle e medição da satisfação do pessoal e do alto índice de operacionalidade, a função motivação e confiança pode ser percebida no C2 da Av EX.
O treinamento dos especialistas e demais integrantes da Av Ex é compatível com o emprego. Entretanto os especialistas de C2 e Comunicações não participam de adestramentos específicos e a falta de uma estrutura de comunicações com meios adequados prejudica o treinamento, que é uma das chaves do C2 (TOSSEL e Colab, 2006).
No Programa de Instrução Militar do Comando de Operações Terrestres (COTER), no item 5.9, observa-se que tanto a 12ª Brigada de Infantaria Leve (Aeromóvel) quanto a Brigada de Infantaria Paraquedista, por possuírem Companhias de Comunicações têm objetivos de adestramento para estas OM, sendo a Av Ex contemplada somente com objetivos de realizar adestramento nas operações aeromóveis, de forma incompleta, pois não estabelece seu C2 adequadamente com operações fora de sede.
As situações apresentadas na pesquisa de estatística indicam que o princípio do C2 e das Comunicações e Ap GE da segurança não é evidente devido à falta de emprego de MPE e segurança da informação, o que não garante que as informações logísticas e de operações tenham confidencialidade, autenticidade e integridade. Este fato deixa o C2 da Av Ex vulnerável e os dados transitados em operações, sujeitos, por exemplo, a interceptação e a ataques de dissimulação, mesmo por não especialistas em GE. Este fato impede a criação de uma rede de informações robusta, em operações, que possa responder rapidamente às mudanças de situações, seguindo as atuais concepções de Guerra Centrada em Redes (GCR) e N2C2M2.
O emprego de comunicações não seguras e de pouca confiabilidade pode interromper a cadeia logística ou permitir o descontrole dos complexos processos de manutenção de aviação, reduzindo a confiança no sistema, fato que leva a uma queda na operacionalidade da Av Ex.
A integração com o SNT é prevista no escalão Exército de Campanha ou em uma Força Terrestre Componente (ME 11-63, 1995, p.1-1) e não configura uma vulnerabilidade ou não aplicação dos princípios de C2, entretanto a dependência deste sistema pela Av Ex mostra indícios de que as características do C2 de confiabilidade e flexibilidade não estão sendo aplicados.
A atual estrutura de C2 da Av Ex, principalmente em relação aos meios de comunicações, para operações fora de sede, não permitem um compartilhamento adequado das informações, entre CAvEx e OM subordinadas. Os nós centrais de C2 caracterizam-se pelas poucas ligações, não sendo flexíveis e confiáveis o suficiente para prover uma rede diferente da randomicamente conectada e com topologia hierárquica tradicional, em desacordo com as topologias robustas, mais apropriadas a complexidade das operações militares, que necessitam ser resilientes.
O armazenamento e a análise das informações são feitos parcialmente, somente nas mensagens de caráter logístico, as quais as solicitações de suprimento e intervenções de manutenção são registradas nos relatórios de final de missão e ficam disponíveis para futuras análises de ressuprimento e manutenção.
Os parcos meios de comunicações e as características apresentadas do C2 da Av Ex levam a classificá-lo, segundo o N2C2M2, como desconflitante. Se a atual estrutura não for modificada, a possibilidade de criação de uma rede robusta é praticamente impossibilitada, o que conduz a um compartilhamento deficiente de informações (ALBERTS, 2009, module 2).
Segundo PETERSON (2011), a dificuldade de aquisição rápida de material, mesmo para um país com forças armadas desenvolvidas, como os EUA, é um obstáculo ao aumento da operacionalidade em curto prazo. Observando-se esta citação e o fato de a situação de compra de oportunidade de material de defesa e a deficiência de mobilização logística das forças armadas brasileiras (Defesa Nacional, 2009), conclui-se que a situação da dimensão técnica do C2 da Av Ex deve iniciar uma reestruturação imediata, correndo o risco de permanecer vulnerável em caso de emprego real ou mesmo em operações em tempo de paz
Assim, observando-se as variáveis que contribuem para um C2 eficiente, verifica-se que na Av Ex estas conduzem a um C2 inadequado, pois não contemplam as características essenciais necessárias.
Uma solução ao fato encontrado é a formação de uma estrutura responsável pelo C2, normalmente materializada no EB pelos pelotões e companhias de Comunicações, no nível GU. Como parâmetro de comparação, verifica-se que a Aviação do Exército dos Estados Unidos da América, dividida em Leve, Média e Pesada, possui em sua estrutura uma Companhia de Comunicações (Network Signal Company), subordinada a um batalhão de suporte, para fornecer os meios para configuração do C2 desta GU.
No EB diversas brigadas não possuem ativadas as suas companhias de Comunicações, um exemplo é a 13ª Brigada de Infantaria de Motorizada (13ª Bda Inf Mtz), de Cuiabá-MT. Na operação Arco Verde (24 de maio a 31 de agosto de 2011), esta GU utilizou-se do apoio da 14ª Companhia de Comunicações Mecanizada (da 14ª Brigada de Cavalaria Mecanizada) de Dourados-MS, para suprir suas necessidades de C2 (BERNARDES, 2012). Este fato representa uma forma de solucionar a falta de uma estrutura de C2 e Comunicações que também pode ser adotada pela Av Ex.
Na América Latina, pode-se encontrar uma forma de apoio de comunicações, adotada na Aviação do Exército Chileno, semelhante a adotada pela 13ª Bda Inf Mtz. O C2 e as Comunicações das tropas de aviação são estabelecidos formalmente pelas unidades apoiadas, não se constituindo OM orgânicas . No caso da Av Ex do EB este tipo de emprego não está de acordo com a doutrina atual, entretanto caso esta seja a solução escolhida para melhoria do C2 da Av Ex e opte-se por não haver uma Companhia de Comunicações de Aviação do Exército (Cia Com Av Ex), passando as OM da Bda Av Ex a receber apoio do escalão superior ou de outra OM, deve-se atualizar os manuais doutrinários. Cabe ressaltar que mesmo para esta forma de reduzir as vulnerabilidades do C2 da Av Ex, ainda assim, existe a necessidade de adestramento do pessoal para a atuação descentralizada do apoio de comunicações.
A missão de prover o apoio de comunicações da Brigada de Aviação do Exército é da Companhia de Comunicações de Aviação do Exército. Para atender às exigências de mobilidade (flexibilidade), segurança e dinamismo das operações, esta Grande Unidade (GU) deve contar com pessoal especializado nas atuais tecnologias de comunicações existentes e material compatível com as ligações necessárias.
Em uma GU convencional, o desdobramento de um Posto de Comando (PC) e de um Posto de Comando Recuado (PCR) é ação normal e as instalações de comunicações são montadas pelos Pelotão de Comunicações de PC (Pel Com PC) e Pelotão de Comunicações de PCR (Pel Com PCR). A posição da Bda Av Ex em Campanha não possui PC escalonado, fato que leva à dedução da não existência de um Pel Com PCR na Cia Com Av Ex.
Verifica-se que a Cia Com Av Ex deve ser formada de uma estrutura segura, robusta e flexível, que permita a interoperabilidade entre as forças, de forma a cumprir as missões definidas na doutrina da Aviação do Exército.
As atividades de Coordenação e Controle do Espaço Aéreo, realizadas pelo Elemento de Aviação do Exército (E Av Ex), são integradas à Bda Av Ex por meios das ligações estabelecidas pela Cia Com Av Ex. Este tipo de ligação, em tempo de paz, é realizada, circunstancialmente, pelos BAvEx com apoio da base de Aviação de Taubaté (B Av T), estrutura não prevista na Bda Av Ex. Por afinidade com a atividade de C2, a Cia Com Av Ex teria condições de apoiar as atividades de CCEA, desde que possuísse material específico e pessoal especialista necessários, já existentes na Av Ex.
A sugestão do apoio às atividades de CCEA pela Cia Com Av Ex é baseada em um sistema análogo da Força Aérea Brasileira, a qual a função em campanha de CCEA é estabelecida pelos Esquadrões de Comando e Controle, pertencentes ao Grupo de Comando e Controle, em alguns casos utilizando-se de plataformas móveis. Estes esquadrões, quando requisitados, instalam e operam centros de controle e bases operacionais em áreas de difícil acesso, fornecendo serviços como: detecção radar para defesa e controle de tráfego aéreo; identificação, localização e designação de alvos; controle de interceptação; designação de alvos para artilharia antiaérea; apoio à navegação aérea; comunicações via satélite, VHF e UHF remotos, dentre outros (http://www.decea.gov.br/unidades/gcc/, acesso em 17 out. 2011).
O apoio de GE, prestado pela Cia Com Av Ex, seria nas ações de MPE empregadas com objetivo de proteger o C2 da Bda Av Ex, utilizando tecnologias de espalhamento espectral, salto de frequência, transmissão por salva, criptofonia de voz e criptografia de dados.
Como proposta de estrutura organizacional da Cia Com Av Ex o comando da Companhia e o Estado-Maior fazem parte de sua constituição, aos moldes das organizações convencionais. Para realizar o apoio ao comando da companhia no controle e supervisão das atividades é necessário constituir um Pelotão de Comando e Apoio, com missões semelhantes às de uma unidade convencional de Comunicações.
A constituição básica da Cia Com Av Ex, seguindo o organograma das Cia Com convencionais, da 12ª Cia Com L e 20ª Cia Com Pqdt, tem a necessidade de um Pel Com PC, para suprir as exigências de comunicações, na instalação de meios dos PC e cumprindo as mesmas missões de uma subunidade de Comunicações padrão, podendo utilizar meios aéreos, para compatibilizar-se com as operações dos BAvEx. O Pel Com PC atenderia a necessidade de integração com as Divisões de Exército e Ex Cmp, proporcionando ligações adequadas em um amplo espaço de desdobramento da Bda Av Ex. Este pelotão teria a missão de operar e explorar os meios de comunicações que realizarão enlaces multicanal, com visada direta, em microondas e meios de enlace satelital, aos moldes da 20ª Cia Com Pqdt e da 12ª Cia Com L.

Como sugestão para configuração de uma fração de GE na Aviação do Exército, uma estrutura de GE vinculada ao organograma do CAvEx (ou Bda Av Ex) poderia ser criada para dotar esta GU deste apoio, de forma compatível. Sugere-se uma fração, no nível pelotão, que exercesse estas atividades de forma distinta às da Cia Com Av Ex. Na GE, o apoio doutrinário ao Ex Cmp ou a uma FTC ocorreria nas ações de MAE e MAGE, através de helicópteros ou VANT, prioritariamente, com equipamentos de GE adequadas, podendo ser portáteis, conforme as operações de apoio ao combate previstas.

 
Organograma da Cia Com Av Ex

Figura 01 - Organograma da Cia Com AvEx

 

O Lean Maintenance é um conceito orientado na busca de um padrão de qualidade na manutenção industrial que, aliado às técnicas de produção enxuta, vem possibilitar a obtenção de objetivos estabelecidos pela empresa, para consolidar, o setor ou a área responsável pela manutenção, ao plano de qualidade Lean Enterprise, de acordo com o tipo de serviço disponibilizado. O que evidencia a manutenção enxuta são os seus pilares fundamentais, tais como, a logística integrada, formação de um grupo de engenharia da manutenção e principalmente, manutenção produtiva total, sendo que, a implementação pode ser gradual, porém, com consolidação em curto prazo destas bases.


Pode servir como referência em planos de auditoria de órgãos reguladores, e, mesmo que a maioria das empresas não aplique a manutenção enxuta, é possível alinhar a planta existente, ao processo lean, principalmente em organizações onde já exista um programa de qualidade implantado. Os custos de implantação inicial tendem a serem compensados em pouco tempo, principalmente em setores onde existam grandes índices de falhas e acidentes.

 
CONCLUSÃO:

O objetivo do trabalho de pesquisa, o qual este artigo foi baseado, de investigar o Sistema Operacional C2 e Ap GE da Av Ex nas Operações Aeromóveis, nas missões de Combate, verificando a sua adequabilidade e suas deficiências no desenvolvimento de suas atividades operacionais foi atingido, sendo que a hipótese inicial de não adequação deste sistema operacional foi confirmada.
Através dos referenciais teóricos, que exploraram as definições de C2 e Ap GE, verificou-se que atualmente as redes, o compartilhamento, a interação e a velocidade do fluxo de informações são indicadores que podem ser utilizados pelas organizações que seguem as atuais vertentes de otimização do C2. A adoção de uma metodologia de melhoria do C2, como a GCR, agrega benefícios como a maior sincronização das forças em operações e a redução de tempo de decisão.
A Av Ex, como força estratégica, depende de atividades complexas para garantir o êxito das suas ações e também depende de um eficiente C2. Durante as Operações Aeromóveis, as necessidades de C2 e Ap GE são potencializadas, principalmente pela logística, pelas ligações de coordenação com a Força Aérea e pelo emprego amplo das MPE. No EB, as OM como a 12ª Cia Com L e a 20ª Cia Com Pqdt apoiam GU que ao serem empregadas possuem desdobramento e dificuldades de C2 similares à Bda Av Ex. Estas OM possuem estruturas de comunicações capazes de atender ao C2 apoiado, fato que se difere no atual CAvEx.
As principais necessidades de C2 da Av Ex são as ligações de coordenações logísticas, dependentes de redes informatizadas, as ligações de CCEA e as ligações com elementos apoiados e apoiadores distribuídos em diversos escalões e em grandes distâncias, que levam à utilização do meio eletromagnético e maior exposição à GE inimiga. As necessidades de Ap GE são de equipamentos e MPE para sua autoproteção e para o apoio de GE com missão aeromóvel. Os meios que suprem as suas necessidades são os que utilizam enlace via satélite.
Entre as principais vulnerabilidades analisadas estão a falta de segurança, confiabilidade e flexibilidade, características e princípios importantes do C2 e das Comunicações. Observa-se que os meios de C2 e Comunicações são adequados no contexto das instalações físicas das OM Av Ex, por outro lado, durante o emprego em operações aeromóveis constata-se, pela análise dos relatórios de final de missão e pelo resultado da pesquisa estatística aplicada, que o C2 e Ap GE da Av Ex não encontram-se compatíveis e adequados com o seu emprego e importância.
O resultado da pesquisa estatística, aplicada através de questionário, também obteve como resposta que o C2 da Av Ex é dependente de meios instalados pelo SNT e poucas medidas de segurança são aplicadas, sugerindo urgência nas ações que possam trazer melhorias ao mesmo.
Foi sugerido uma estrutura de uma Cia Com Av Ex, que ao ser ativada traria aumento significativo da adequação do C2 da Av Ex em operações. A proposta organizacional desta OM é formada de três frações, nível pelotão: um Pel C Ap, um Pel Com PC e um Pelotão de CCEA. O resultado foi fruto da análise dos manuais doutrinários que especificam as necessidades e missões da Bda Av Ex, em operações.
A montagem imediata de uma estrutura de C2, que absorvesse a responsabilidade de instalar e explorar as comunicações da Av Ex, em operações, bem como se mantivesse adestrada na utilização técnica dos meios disponíveis, seria uma solução vantajosa para a eficiência e adequação do C2. Na pesquisa estatística 98% dos questionados mostraram-se favoráveis à ativação da Cia Com Av Ex, desde o tempo de paz.
A análise da relação custo/benefício entre as vantagens e as desvantagens e a decisão de implantação desta OM para solucionar as deficiências do C2 e Ap GE da Av Ex cabem aos escalões superiores, entre os quais o Comando do Exército e o Estado-Maior do Exército. A pesquisa descrita neste artigo poderá contribuir como potencial subsídio para futuros estudos. A pesquisa científica apresentada foi realizada nos anos de 2011 e 2012 e novas oportunidades de melhoria estão sendo implantadas na Av Ex em 2013. A ativação do Núcleo da Companhia de Comunicações de Aviação do Exército já é uma realidade e atua positivamente na redução da vulnerabilidades levantadas.
Deste modo, conclui-se que a Av Ex precisa continuar a desenvolver o seu C2 e Ap GE para mantê-lo compatível e adequado à sua operacionalidade, principalmente nas situações de emprego fora de sua sede.
 
The Command and Control and Electronic Warfare Support of Aviation Army in Combat Missions in airmobile operations: analysis of the current situation and gaps
 
ABSTRACT:

The article analyzes the Command and Control System (C2) and the element Electronic Warfare of the Aviation Army, which through literature, documentary and statistical concluded about its inadequacy, checking their vulnerabilities regarding the security, reliability and flexibility, thus demonstrating the use of the means of dependents National Telecommunications System during airmobile operations. A proposed organizational structure of Aviation Army Network Signal Company is suggested, pointing to the means employed, the use of the satellite link.

Keywords: Command and Control - Army Aviation - Airmobile Operations.

 
REFERÊNCIAS:

 

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Maj Com Bernardino Sant’ Ana Júnior.

Possui os cursos de Formação de Oficial de Comunicações (AMAN, 1994), Curso de Especialização em Gerência de Manutenção de Aviônicos (CIAvEx, 1996), Curso de Especialização em Criptografia e Segurança em Redes (UFF, 2007) e Curso Avançado de Aviação (CIAvEx, 2009). É licenciado em Matemática (UCB, 2004) e Mestre em Ciências Militares (ECEME, 2012). Atualmente é Chefe da Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos do Comando de Aviação do Exército.
 
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