A manobra de perda de motor no pairado sofreu restrições à sua realização, em virtude de diversos incidentes ocorridos na Aviação do Exército.
Nesta manobra, que faz parte da formação do piloto (Curso de Piloto de Aeronaves - CPA), ocorre a redução da manete de vazão durante o vôo pairado, dentro do efeito solo (altura de 1,0 m), até a indicação de 70% de NG. Com essa potência, o motor não sustenta a aeronave no vôo pairado e o aluno realiza um pouso de emergência.
A redução da referida manete sempre foi realizada pelo Instrutor de Vôo (IV), fato que elevava o risco da manobra, pois o IV necessitava desguarnecer o comando cíclico para ajustar a manete. Dessa forma, o IV se via obrigado a desviar sua atenção para este procedimento (redução da manete), enquanto o aluno iniciava a manobra em questão. Este fato representava grande risco, visto que o IV, diante de qualquer procedimento errado do aluno, tinha pouco tempo para reverter o problema.
Nas investigações dos incidentes ocorridos, destacou-se, dentre os fatores contribuintes, a deficiente aplicação de comandos, ou seja, a atuação inadequada do piloto nos comandos de vôo.
O Comandante do CIAvEx, objetivando reduzir o risco da citada manobra, estabeleceu diretrizes e nomeou uma comissão para avaliar a viabilidade de um conjunto de ferramentas, de sorte que o IV não desguarnecesse os comandos, estando apto a intervir prontamente para evitar uma situação de risco.
As seguintes diretrizes nortearam os trabalhos da comissão:
a. Mudança da fraseologia, de sorte a evitar uma falha na comunicação da tripulação.
b. Redução da manete de vazão realizada pelo MV, evitando que o IV desguarnecesse o comando cíclico e tivesse sua atenção desviada para esta ação. Para este procedimento, foi adotada a ferramenta de controle de redução da manete, possibilitando a atuação do MV na manete de vazão, a partir da sua posição (sentado no banco traseiro).
c. Instalação de uma ferramenta no bloco de manetes (ferramenta batente) visando evitar um corte de motor não intencional durante o treinamento da manobra.
d. Transferência da manobra “Perda de Motor no Pairado” para a fase final do CPA.
e. O treinamento da manobra “Perda de Motor no Pairado”, qualquer que fosse a situação, deveria ser realizado em uma missão específica, sendo a única manobra a ser executada pela tripulação.
Estabelecidas estas diretrizes, seguiram-se os seguintes procedimentos:
a. Realização de vôos técnicos
- O CIAvEx realizou vôos técnicos para avaliar as ferramentas, com os militares da comissão;
- Os testes realizados mostraram ser viável a realização da manobra, com segurança, seguindo-se os procedimentos padronizados, uma vez que as ferramentas utilizadas nos vôos de treinamento mostraram-se seguras e eficientes.
b. Alteração do manual de manobras
- O oficial padronizador do CIAvEx realizou as devidas alterações no manual de manobras;
- Os procedimentos necessários para se elevar o nível de segurança durante a realização da manobra passaram a constar da Padronização na Instrução de Vôo Nr 02 – Perda de Motor no Pairado, publicada em Boletim Interno deste EE.
Para concluir os trabalhos, o CIAvEx envidará esforços junto ao Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA), com a finalidade de homologar as ferramentas apresentadas nesta matéria. |