|
Entrevista com o Gen Ex SÉRGIO ERNESTO ALVES CONFORTO |
|
|
|
1)
Como V Exa sabe, a Aviação do Exército vem ampliando e diversificando sua frota, o que poderá torná-la a maior frota de helicópteros de emprego múltiplo do Brasil. Tal fenômeno tem exigido maior formação, especialização e aperfeiçoamento dos quadros, pois a demanda de pessoal frente às inovações tecnológicas cresce ano após ano. O sistema de Ensino do EB possui características que privilegiam a formação para o desempenho. Que estudos e/ou medidas vêm sendo adotadas a fim de atender a essa demanda do DEP?
|
O DEP está permanentemente preocupado com a evolução natural do ensino. Acompanhar as novas tendências pedagógicas é uma praxe no âmbito do Departamento. Atualmente há um grupo estudando a “Pedagogia das Competências”, visando o levantamento de dados para a constatação da aplicabilidade ou não desta nova concepção aos nossos currículos. Por adotarmos o pluralismo pedagógico, isto é, não seguirmos somente uma ou outra tendência educacional, é possível “filtrar” diferentes colaborações e compor um Sistema de Ensino ímpar, que prima essencialmente pela qualidade.
|
2)
Face à extensão territorial do País e à presença da Força Terrestre em todo o território nacional, como V Exa visualiza, para o futuro, o uso do ensino a distância (EAD) pelos estabelecimentos de Ensino subordinados ou vinculados?
|
Tendo em vista a necessidade de disponibilizar conhecimentos e atualizar os recursos humanos, num quadro de rápida e constante evolução da doutrina e da tecnologia, o EAD se apresenta como um recurso moderno e eficiente. Num país com a dimensão do Brasil, usar uma tecnologia que permita que o conhe-cimento seja entregue ao aluno onde quer que esteja, vai possibilitar uma enorme ampliação do braço do ensino do Exército, levando o ensino a mais mi-litares, em menos tempo e com mais economia. A utilização da modalidade do EAD evitará tirar o militar de sua atividade fim, o que causa transtornos diversos para as OM, consumirá menos recursos para a movimentação de pessoal, numa época de orçamentos reduzidos, e permitirá atualizações periódicas do curso mi-nistrado, qualquer que seja seu nível. Atualmente todos os cursos existentes no Exército estão sendo avaliados para que sejam levantados aqueles que po-dem ser ministrados à distância, total ou parcialmente. Obviamente, depen-dendo do conteúdo do curso, haverá a necessidade de se levar os alunos para um Estb Ens, onde será conduzida a parte prática do curso, com o manuseio de materiais e a aplicação de técnicas como trabalhos em grupo, etc. |
3)
Como o DEP vem trabalhando para suprir as deficiências dos EE no que concerne aos meios auxiliares e à capacitação do pessoal para execução do ensino a distância (EAD)? |
O DEP vem, dentro de suas possibilidades, preparando uma rede de informática para que seus Estb Ens tenham acesso à Internet e a comunicação on-line. Ao mesmo tempo, se preocupa em preparar os recursos humanos das escolas, valendo-se do EAD. No momento há um curso em andamento, ministrado pelo CEP, justamente para começar a preparar profissionais de diversas escolas. O Curso de Capacitação em EAD é ministrado pela Internet e é dividido em módulos, cada um abordando uma tecnologia de veiculação de cursos à distância. |
4)
Face à crescente participação de nosso Exército em missões de Paz, o que V Exa julga como podendo ser adotado, no Sistema de Ensino, para atender às necessidades de preparação do pessoal para o cumprimento daquelas missões? |
A EsAO e a ECEME possuem em sua documentação curricular carga horária prevista para ministrar o referido assunto. Além disso, o CEP tem preparado o militar designado para tais missões, através do Projeto Força de Paz, que consiste na preparação psicológica do combatente.
|
5)
Os estabelecimentos de ensino apresentam características próprias que os fazem diferentes em muitos aspectos. Como o DEP visualiza o processo de Modernização do Ensino, iniciado em 1994, diante dessa assertiva? |
Para o DEP a modernização do ensino realmente é um processo. Como tal, não só leva tempo para surtir efeitos e/ou ser implementada, mas seu significado vai muito além disso, por tratar-se de um processo, ela é contínua e seqüencial, devendo prosseguir em seu curso normal e desenvolver-se simultaneamente. Visualizamos que o Sistema de Ensino no Exército e seus profissionais são os determinantes dos novos rumos da dita modernização. No dia a dia de cada OM e nas salas de aula ou nas atividades operacionais de cada Estb Ens, respeitando-se as peculiaridades e as características individuais, e adequando-se sempre à realidade, deve buscar-se o aprimoramento de todo o processo, primando pela contextualização do ensino, e fazendo, dentro da flexibilização permitida pelo DEP, a evolução necessária para o desenvolvimento da nossa “práxis” pedagógica.
|
6)
A partir de 2001, iniciou-se um processo de reestruturação do CAS que gerou uma nova sistemática do referido curso, cujo fim deu-se em 2003. Que balanço V Exa faz, até o momento dessa sistemática adotada? |
Essa nova sistemática permitiu a adoção do Ensino à Distância com a com-plementação de uma fase presencial. Sem perda da qualidade do ensino, hoje aperfeiçoamos um maior número de sargentos por ano, o que tem reflexo ime-diato na tropa, que conta em suas unidades com militares melhor qualificados. |
7)
Atualmente, a carreira dos ST/Sgt culmina com o Curso de Aperfeiço-amento que é realizado, em média, a 1/3 do tempo de serviço. Existe algum projeto a ser desenvolvido para implementação de um “curso seqüencial” a fim de valorizar a carreira dos ST/Sgt? |
O EME solicitou que o DEP realizasse estudo sobre o funcionamento do Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais (CHQAO) e do Curso de Preparação ao CH QAO (CPCHQAO). Tais cursos estão diretamente relacio-nados com a política de valorização de ST/Sgt e visam complementar o Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS). Os Estudos estão sendo ultimados, para posterior envio ao EME. |
8)
Desde que foi implantada a Modernização do Ensino muitos projetos foram postos em execução, entre eles o projeto desenvolvimento e avaliação da área afetiva. Que balanço V Exa faz desse projeto até o momento? |
Inicialmente, logo após a apresentação deste projeto, em 1999, pela equipe responsável, instrutores e monitores tiveram muitas dúvidas e inquietações, pois, afinal, foi a primeira vez que a área afetiva estava sendo apresentada de forma sistematizada. O primeiro passo foi orientar os instrutores e monitores no tocante ao desenvolvimento dos atributos da área afetiva, tomando por base o perfil profissiográfico. O segundo passo foi a inclusão dos atributos do perfil no documento de currículo, sendo selecionados aqueles atributos per-tinentes as suas disciplinas. O terceiro passo seguido foi a operacionali-zação desses atributos no pladis, e posteriormente, a elaboração de estratégia (s) para alcançar o (s) objetivo (s) traçado (s) no plano de sessão. Passou-se a perceber então, a importância da coerência entre esses documentos, ou seja, a necessidade destes estarem “em sintonia”. Com o intuito de capacitar ins-trutores e monitores nessa importante atividade de desenvolver atributos da área afetiva, passou-se a realizar visitas de orientação a cada ano, com vistas a melhor compreensão da área afetiva. Com a realização das visitas de orien-tação passou-se a perceber e acreditar no “ser integral” que é o profissional militar que estamos formando, aperfeiçoando e especializando cada vez melhor para emprego e benefício da própria Instituição.
Pela mobilidade natural da Força, o acompanhamento deste projeto deve ser contínuo, pois a cada ano há uma renovação substancial do corpo docente. Assim, posso concluir que, como todo o processo de Modernização do Ensino, este projeto tem corroborado, imensamente, para o aperfeiçoamento do sistema de ensino e principalmente, para a formação de nosso maior potencial: nossos recursos humanos. |
PELA AUDÁCIA!
|
|
|