O TREINAMENTO DE EMERGÊNCIA EM SIMULADOR DE VOO NA CAPACITAÇÃO DAS TRIPULAÇÕES DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO |
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INTRODUÇÃO | |||
O simulador de voo é considerado o melhor meio de aprendizagem para quem está começando a aprender a pilotar aeronave. Como também para aqueles que querem aperfeiçoar seus conhecimentos. Por ser mais barato e muito mais seguro, o treinamento em simulador de voo traz um custo beneficio inigualável. O valor da hora de voo em um simulador é muito inferior ao preço de uma hora de voo real de um helicóptero. Um dos objetivos da simulação é a redução dos riscos materiais e pessoais, associado a uma redução dos custos financeiros e operacionais. Desta forma, aumenta-se o nível de segurança e a operacionalidade. Além disso, direciona a aeronave para o fim a que se destina. Os custos financeiros e materiais podem, em parte, ser rapidamente levantados e avaliados. Já os humanos são impossíveis de serem mensurados. Com o nível de avanço tecnológico atual é possível reproduzir, com alto grau de fidelidade, em ambiente controlado, os diversos tipos de voo e as possíveis situações de emergência aos quais as aeronaves estão suscetíveis. O uso do simulador de voo, como ferramenta para qualificar suas tripulações, já vem sendo utilizado já há algum tempo pela Aviação do Exército - Av Ex. Seja no Centro de Instrução de Aviação do Exército (CIAvEx) seja, mais especificamente, com as tripulações de HM-3 (Cougar). Estas tripulações foram as primeiras a terem a oportunidade de realizar o treinamento em simulador de voo Full Flight Simulator (FFS) nível D (o mais alto grau de realismo). |
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Quadro 01 - fonte: www.anac.gov.br/simulador/qualificacao.asp |
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A pouca frequência com que as tripulações têm ido realizar o treinamento pode não ser eficiente na redução de custos. Já que até o desfecho deste trabalho a Av Ex ainda não havia normatizado a validade e a periodicidade dos treinamentos de emergência em simulador de voo. Convém destacar que a Av Ex enfrenta hoje um problema de baixa disponibilidade de aeronaves e isso repercute, de maneira significativa, no adestramento das suas tripulações e na demanda por parte da Força Terrestre em cumprir as mais variadas missões e operações. Apesar de a Av Ex mandar tripulantes (pilotos e mecânicos de voo) para realizarem treinamentos em simuladores, esses treinamentos ainda são esporádicos e são poucos os aeronavegantes que o realizaram. Este artigo visa apresentar alguns aspectos que justifiquem o envio de cada vez mais tripulantes para a realização dos treinamentos de emergência em simulador de voo. Além disso, objetiva destacar a importância da normatização destes treinos. Com isso buscar aumentar, ainda mais, o nível de segurança de voo da Av Ex em suas missões em apoio às diversas unidades da Força Terrestre e órgãos civis, além de diminuir os riscos de incidentes e acidentes em missões de adestramento, habilitações e (re) qualificações no âmbito da AvEx. |
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DESENVOLVIMENTO | |||
Atualmente, uma tripulação da Av Ex realiza as manobras de emergência com um intervalo inferior a 120 (cento e vinte) dias. É necessário 1.3 horas de voo (HV) para cada treinamento. São três voos para a aeronave AS 365K (HM-1/ Pantera) e quatro voos para as aeronaves S 70A 36 (HM-2/ Black Hawk) e AS 532 UE (HM-3/ Cougar). Ao final de um ano totaliza-se 11.7 HV (HM-1) e 15.6 HV (HM-2 e HM-3), para treinar um número reduzido de manobras. O Anexo “A” traz quadro comparativo das manobras realizadas em voo real e no simulador da aeronave HM-1. Valores das HV para a Av Ex: |
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Tabela 01 - fonte: Resumo do cálculo dos valores de horas de voo dos helicópteros da Aviação do Exército para planejamento do Esforço Aéreo em 2013 – D M Av Ex |
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Os valores dos treinamentos em simulador de voo: | |||
Tabela 02 - fonte: Planilha de treinamentos de emergência PCENA para o ano de 2013 – D M Av Ex (* Tripulação composta de 2 pilotos e 1 mecânico de voo que vai como acompanhante sem custo) |
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Tomando como base o ano de instrução, uma tripulação de HM-1 no período de 12 meses, apenas para manter os voos de emergência em cima, custa US$ 32.483,65, de HM-2 US$ 89.011,73 e de HM-3 US$ 72.295,36. Realizando um número bem restrito de manobras e sem computar os riscos, o desgaste dos componentes e dos danos materiais que cada treinamento está sujeito. Nos últimos anos (2012 e 2013) a Av Ex registrou em manobras com o pouso corrido: pouso com o freio acionado, diversos toques da bequilha e até mesmo pouso com os trens recolhidos, o que poderia gerar danos incalculáveis com a aeronave em treinamento. Com esses valores fica evidenciado que é mais vantajoso e menos arriscado mandar as tripulações realizarem anualmente treinamentos de emergência em simuladores de voo. Vale mencionar que não é realizado o treinamento de emergências voando sobre regras de voo por instrumentos e reduzidas manobras de emergência são treinadas com óculos de visão noturna. Cabe lembrar que em um simulador de voo quando se termina ou se perde uma manobra o instrutor tem a possibilidade de interromper o voo e reiniciar do ponto onde melhor se encaixe a aeronave para realizá-la novamente sem gastos adicionais de HV para reposicionar a aeronave ou fazer outro circuito de tráfego. Além de não estar sujeito à disponibilidade do espaço aéreo ou da pista de pouso para realizar qualquer tipo de manobra. A Flight Safety – empresa norte-americana que realiza os treinamentos em simulador da aeronave S 70A 36/ Black Hawk)e a HELISIM – empresa europeia que realiza os treinamentos para os modelos AS 365K/ Pantera, AS 532 EU/ Cougar e EC 725/ Jaguar, disponibilizam diversos cursos aos seus clientes. Dentre esses cursos existe o de instrutor de simulador, que no caso da HELISIM é realizado em três dias ao valor de US$ 13.400,00. Importante ressaltar, ainda, que grande parte dos ensinamentos adquiridos no simulador de voo não podem ser repassados na prática em treinamentos reais, porque apenas uma pequena parte das emergências possíveis são realizadas em treinamentos reais. Ao instrutor caberia adaptar o treinamento para a realidade de emprego da Av Ex, além de reduzir o valor das horas de voo do simulador. Atualmente, as Normas Operacionais não contemplam o treino em simulador dando uma validade ou periodicidade. Os pilotos e mecânicos de voo, mesmo após retornarem do treinamento em simulador, continuam tendo que cumprir o que é estabelecido, ou seja, realizar os voos de emergência com intervalo inferior a 120 dias. |
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CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES | |||
É de conhecimento geral que os recursos destinados à atividade aérea no Exército Brasileiro estão se tornando cada vez mais escassos, dificultando a missão de se manter adestrado o efetivo das unidades aéreas. Com o aumento do número de tripulantes que ao longo do ano realizem este tipo de treinamento e adotando-se a validade de 365 dias após a conclusão do treinamento em simulador FFS, que são mais completos que os treinos na aeronave, grande parte do Esforço Aéreo poderia ser utilizado para outros fins que não o adestramento das tripulações. Como foi apresentado, o incremento do treinamento das tripulaçoes da AvEx em simuladores de voo irá disponiblizar mais horas de voo para o Esforço Aéreo em proveito da Força Terrestre. Além disso, aumenta o nível de segurança de voo, seja na execução das manobras, seja nas mais diversas missões que as aeronaves cumprem. Portanto, diminue-se assim, de forma considerável, os riscos que cada tripulante corre ao acionar uma aeronave para a realização de um voo de emergência ou qualquer outro tipo de missão. Fica assim evidenciada a importância de todos os tripulantes realizarem uma vez por ano o treinamento de emergência em simulador. Para isso é necessário normatizar a realização dos treinamentos em simulador de voo e dar uma validade em documento interno da Av Ex. Destaca-se ainda a importância da Av Ex ter pilotos instrutores de simulador para cada modelo de aeronave, o que faria com que os treinamentos fossem adaptados à realidade da força e ao tipo de voo que o Exército realiza, além de otimizar o emprego dos recursos financeiros. |
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REFERÊNCIAS | |||
1. MORENO, M. simulador de voo de helicópteros: uma visão econômica, Ver UNIFA, Rio de Janeiro: dez 2003. 2. Sistemas da Aviação do Exército Brasileiro. Dispinível em:< http://sisavex.avex.eb.mil.br:8080/avex/>. Acesso em 02 de outubro de 2013, 19:30. 3. Agencia Nacional de Aviação Civil. Disponível em:< www.anac.gov.br/simulador/qualificacao.asp>. Acesso em 03 de outubro de 2013, 21:00. 4. RODRIGUES, C.A.; NEVES, E.B. Manual de Metodologia da pesquisa científica. Rio de Janeiro: EB/CEP, 2007. 5. ALLERTON, D.J. ; ROSS, M. Evaluation of a part-task trainer for Ab Initio Pilot Training. Londres, 1991. |
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ANEXO: | |||
Maj Cav Anderson Rocha da Costa Pereira | |||