PRÉ-VOO PASSO 1: RETIRAR ANÉIS E ALIANÇAS |
|||||
Achar que acidentes nunca acontecerão conosco faz parte da nossa cultura. Não somos um povo muito cuidadoso com nossa segurança. Basta andar pelas ruas e ver inúmeros exemplos disso. Pedestres cruzando fora da faixa, motoristas fazendo conversões perigosas, passando em sinal vermelho e etc. O que é curioso é que a percepção que nos faz crer que podemos ganhar na loteria, por exemplo, é a mesma que nos faz acreditar que os acidentes só acontecem com os outros. Isso é, por quê acreditamos que algo tão improvável como ganhar na loteria pode acontecer conosco, bastando para isso nos expormos a possibilidade e não acreditamos que podemos nos acidentar ainda que nos exponhamos ao risco? Infelizmente ou não, o que ocorre é que nosso subconsciente nos faz a acreditar naquilo que queremos e nos faz desprezar os riscos apesar das probabilidades. |
|||||
No que se refere à acidentes relacionados ao uso de anéis ou alianças na atividade aérea as estatísticas dizem que não é um evento tão esporádico assim apesar de acharmos o contrário. A própria Aviação do Exército já computou 2 casos graves e esse não é um problema só nosso como veremos no caso a seguir. " Eu era um daqueles soldados que conheciam e entendiam os riscos associados ao uso de alianças no trabalho, mas, naquele dia, eu escolhi usá-la mesmo assim…Eu disse a mim mesmo que nada iria me acontecer porque eu estava atento ao perigo. Eu acreditei que eu seria capaz de reduzir o risco usando minhas luvas e evitando saltar da aeronave durante o pré-voo. Eu estava muito mais preocupado em perder minha aliança ou simplesmente esquecer de colocá-lo de volta após o trabalho e minha esposa perguntar porque eu não estava usando o símbolo do nosso casamento. |
|||||
É claro que eu não estaria escrevendo este artigo se eu não estivesse pessoalmente envolvido num acidente e deixe-me dizer: Como isso dói!! Isso aconteceu quando eu estava descendo pelo lado direito do Black Hawk depois do pós-voo que se seguiu a um voo com NVG no Iraque. Foi uma longa noite de voos NVG e não era assim que eu esperava terminar o dia. Eu tinha 700 HV naquele momento e pelo que eu me lembro era daquela maneira que eu sempre descia da aeronave. Não nada de extraordinário na técnica que eu usava para descer da aeronave, mas naquele dia o meu anel ficou preso num pequeno parafuso que aflorou do topo do painel blindado. Ao dar um passo para baixo para descer, senti uma dor incrível…! Inicialmente, eu tentei controlar minha dor porque eu sabia que minha tripulação não seria muito simpática àquilo. Nós tínhamos visto todas aquelas fotos e tínhamos sido alertados sobre os riscos de usar anéis nas atividades aéreas. Além disso é muito duro, receber críticas por um erro tão infantil de outros aviadores. Depois de alguns segundos tentando segurar, foi um alivio soltar um grito de dor. Como já sabia, ninguém sentiu pena de mim e o mecânico de voo se assegurou de tirar algumas fotos para encaminhar ao Posto Médico. Por sorte, meu anel saiu do dedo durante a descida e meus ferimentos não foram muito sérios, mas eu aprendi uma valorosa lição por meio da dor dos ferimentos e da vergonha de ter cometido um erro infantil e já tão explorado. Um ponto positivo desse acidente foi que eu ganhei um sólido argumento para convencer minha esposa que usar nossa aliança de casamento no trabalho é muito perigoso! Como vemos, apesar de acreditamos que acidentes como esse são muito raros, o que não é uma verdade, somente as conseqüências que na maioria dos casos advém dele já seriam suficientes para que adotássemos a postura mais conservadora, ou seja, NUNCA USE ANÉIS OU ALIANÇAS DURANTE AS ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO, PRÉ , INTER OU PÓS VOO!" |
|||||
Artigo escrito com base na tradução do texto “Preflight Step 1: Place Ring in the OFF Position" de CWO 3 Shamus M. Kirschbaum, 4-6 Air Cavalry Squadron, Joint Base Lewis-McChord. publicado no site www.army.mil em 31 Janeiro de 2012. | |||||
Maj RONALDO DINIZ | |||||