A EXPANSÃO DA FROTA DE HELICÓPTEROS NO BRASIL E A NECESSIDADE DE UM EFICIENTE SISTEMA DE MANUTENÇÃO. |
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Cap Oscar de Almeida Machado |
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Atualmente, tanto no Brasil como no mundo, está ocorrendo uma grande expansão da frota de aeronaves de asa rotativa. Empresas do ramo de taxi aéreo têm cada vez mais investido no aumento de sua frota para atender a crescente demanda de executivos que necessitam de transporte rápido e que podem efetuar pousos em áreas restritas tais como terraços de edifícios, casas de praia, campos de futebol, etc. De acordo com o relatório de acompanhamento setorial aeronáutico editado em outubro de 2008 pela ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e pela Unicamp (Universidade de Campinas), a capacidade de pouso e decolagem vertical fez com que o helicóptero se tornasse um veículo adequado para deslocamento em regiões de difícil acesso como montanhas e florestas, além de ser ideal para operações embarcadas e de resgate. Em suma, o helicóptero não precisa necessariamente de um aeroporto para pousar, o que é uma grande vantagem sobre as aeronaves de asa fixa. Ainda de acordo com a ABDI (2008), os helicópteros também são utilizados pelas forças públicas em atividades policiais e de resgate. As características dos helicópteros somadas aos avanços tecnológicos fizeram com que as aeronaves de asas rotativas fossem utilizadas de forma crescente pelas forças militares, não apenas em operações de transporte e resgate, mas também como plataformas anti-submarinas e de ataque ao solo. Em face disto, verifica-se que órgãos públicos como a Receita Federal, Polícia Federal, Polícias Militares dos Estados e as Forças Armadas estão investindo na ampliação de suas frotas. Recentemente o Ministério da Defesa efetuou a compra de mais 50 aeronaves de asas rotativas modelo EC-725, da empresa francesa Eurocopter para equipar as Forças Armadas. Para se ter uma idéia da magnitude da expansão da frota brasileira de helicópteros, basta mencionar que esta cresceu 45% nos últimos 10 anos (1999-2008), segundo dados do relatório setorial aeronáutico. Segundo dados de 2008, a frota brasileira de helicópteros é de 1.378 aeronaves, sendo que cerca de 17% são de uso militar. Brasil: Evolução da frota de helicópteros (1999-2008) |
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Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), No nível mundial, o Brasil possui a sétima maior frota de helicópteros civis, contando com 967 unidades (2005), segundo dados da ABRAPHE (Associação Brasileira de Pilotos de Helicópteros). No entanto, estima-se que caso o ritmo atual de crescimento seja mantido, a frota brasileira irá ultrapassar a japonesa, a australiana e a britânica, em um futuro próximo, passando a ocupar a quarta colocação. Cabe ressaltar que a cidade de São Paulo possui a segunda maior frota de helicópteros do mundo, superando Tóquio e ficando atrás apenas de Nova York (ABDI, 2008). Frota Mundial de Helicópteros Civis: principais países (2005) |
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Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da ABRAPHE, Segundo a ABDI (2008), este crescimento robusto da demanda civil por helicópteros se deve a diversos fatores. O principal deles é a aceleração do crescimento econômico, que permitiu uma maior lucratividade às empresas, as demandantes finais dos serviços de helicópteros executivos. O crescimento econômico também se reflete numa maior arrecadação tributária, permitindo aos governos federais e estaduais expandir seus serviços de polícia e resgate. Outro fator importante que tem incentivado o aumento da frota no Brasil é a descoberta de novos pólos petrolíferos na bacia de Campos no estado do Rio de Janeiro. Cada vez mais cresce a demanda por transporte da cidade de Macaé às plataformas de petróleo. Em função desta expansão da frota, pode-se observar um aumento na demanda pelos serviços de manutenção em tais aparelhos. Esses serviços são, em geral, muito complexos e de alto custo, necessitando de um planejamento constante com o intuito de se minimizar custos e se voar com a máxima segurança. Para que se possua um sistema de manutenção eficiente, dois grandes indicadores devem ser levados em consideração: a confiabilidade e o tempo de resposta. O primeiro se traduz em um índice que mede a taxa de falha das aeronaves em função de retrabalhos e outras não-conformidades. Já o segundo se refere ao tempo de indisponibilidade gerada pelas ações de manutenção. A principal meta a ser alcançada é obter o máximo nível de confiabilidade com um menor tempo de resposta possível. Para se alcançar tal meta, deve-se antes de tudo se recorrer às ferramentas gerenciais de análise e melhoria de processos, aliado-as ao binômio Estatística-Informática. Em suma, pode-se concluir que com o aumento da frota de helicópteros no mundo e consequentemente o aumento na demanda por serviços de manutenção, há a necessidade de constantes investimentos na melhoria do tempo de reposta e da confiabilidade dos sistemas de manutenção, a fim de se conseguir um ótimo nível de serviço, permitindo que a frota fique indisponível o menor tempo possível.
Referência Bibliográfica: AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, UNIVERSIDADE DE CAMPINAS. Relatório de Acompanhamento Setorial: Indústria Aeronáutica – Segmento de Fabricação de Helicópteros. Volume II. 2008. Disponível em: <http://www.abdi.com.br/?q=system/files/Aeron%C3%A1utico +out.+2008 .pdf>. Acesso em 12 out 2009 17:23:00. BRASIL. Ministério da Defesa. Normas Administrativas Relativas ao Material de Aviação do Exército. Brasília, 2009. BRASIL. Ministério da Defesa. Brasil e França anunciam parceria para aquisição mútua dos aviões Rafale (francês) e KC-390 (brasileiro). Reportagem de imprensa divulgada em 07 set 2009. Disponível em: <https://www.defesa.gov.br/imprensa/index.php>. Acesso em: 12 out. 2009. 21:00:00. JÚNIOR et al. Gestão da Qualidade. 8. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. KEEDI, S. Logística de Transporte Internacional. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007. PINTO, A.K. e XAVIER, J.A.N. Manutenção: Função Estratégica. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2007. |
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