OPERAÇÕES URBANAS NO CURSO DE PILOTO DE COMBATE |
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Antecedentes Após o final da II guerra mundial, os exércitos do mundo passaram a se preocupar com operações militares no interior de localidades. Os diversos conflitos que se seguiram a grande guerra demonstraram que combater em ambiente urbano exige técnicas e táticas especiais. Para a aviação do exército as guerras do Golfo, especialmente a segunda, e as missões da Força de Defesa Israelense na Faixa de Gaza foram escolas que criaram novos perfis de vôo, técnicas de ataque, armamentos e táticas de emprego adaptadas às características peculiares das cidades. No Brasil, seguindo a tendência mundial, as escolas militares têm abordado nos seus cursos o Combate em Localidade. Contudo, a característica do combate assimétrico, fez crescer a importância das cidades nas guerras. Para fazer face às necessidades de flexibilidade e de mobilidade do combate urbano, a aviação do exército e sua atuação na terceira dimensão do campo de batalha cresceram de importância. Por esse motivo, foi incluída no currículo do Curso de Piloto de Combate uma instrução sobre o emprego do helicóptero nas operações dentro de cidades. O planejamento para a realização da Operação Em um primeiro momento, a instrução teórica serviu para aumentar a bagagem profissional dos alunos. Em 2006, com a possibilidade da Av Ex seguir para o Haiti em apoio às forças da ONU, as OM Av Ex solicitaram que o CIAvEx aumentasse a carga-horária e a ênfase da matéria sobre operações aeromóveis em ambiente urbano no Curso de Piloto de Combate. Buscando atender essa solicitação, a Divisão de Doutrina e Padronização e a relatoria do CPC realizaram pesquisas e buscaram experiências em outros exércitos do mundo. Da análise das informações colhidas sobre o emprego urbano da aviação no exército americano, francês, israelense e até russo surgiu um exercício voltado exclusivamente para o treinamento do combate em localidade. Essa atividade foi batizada com o nome de Operação Casa de Areia. A Operação Casa de Areia A Operação Casa de Areia simula uma operação urbana no interior de uma localidade de pequeno porte em um quadro de Força de Paz da ONU. Essa missão segue as três fases do combate urbano que são: o cerco, a conquista de um ponto de apoio na periferia e o investimento. O Cerco Na fase do cerco, as aeronaves decolam da Base do Batalhão e seguem para posições na área verde, onde mantêm uma vigilância para evitar que forças inimigas entrem ou saiam da localidade. Na fase da conquista de uma área de apoio na periferia, os helicópteros realizam a segurança de um comboio que segue até o limite da área vermelha. Nesse momento, uma aeronave de sensoriamento remoto (Olho da Águia) ocupa uma posição segura na vertical da localidade e passa a guiar o comboio de viaturas pelas ruas de forma a evitar posições inimigas. Ao chegar ao local da ação principal, as viaturas realizam um cerco aproximado para permitir o pouso das aeronaves de emprego geral. A Conquista e o Investimento Quando o objetivo está cercado e seguro, um pelotão de HM-1 PANTERA escoltado por uma seção de HA-1 FENNEC infiltram um destacamento de ações especiais para realizar a captura dos alvos. Após o desembarque os HM-1 retornam a Base do BAvEx e os HA-1 que os protegiam seguem para uma zona de reunião na área verde, ficando em condições de apoiar o comboio das tropas de superfície. A Exfiltração Após a captura, os prisioneiros e o destacamento de Op Esp embarcam nas viaturas e são guiados para fora da zona vermelha pela aeronave de sensoriamento remoto enquanto são escoltados pelos dois helicópteros. Próximo ao limite da zona vermelha, o comboio sofre uma emboscada e utiliza os dois helicópteros que o escoltavam para repelir a ameaça com um ataque aeromóvel em apoio aéreo aproximado à tropa de superfície. Para o guiamento dos fogos são utilizados o rádio e lanternas sinalizadoras. |
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Conclusão Nessa oportunidade, ficam claros três conceitos do emprego da aviação do exército em localidade. O primeiro é que tropa de superfície e aeronaves devem utilizar os mesmo gráficos de preparação da carta de forma a facilitar a transmissão de coordenadas pelo rádio que deve possuir uma freqüência comum para todos os envolvidos. O segundo é que uma aeronave só pode ingressar em zonas amarelas e vermelhas com a presença de tropa de superfície no local. Por fim, é evidenciado que o helicóptero armado é uma das armas mais eficazes para o apoio de fogo no interior de uma cidade. A introdução de um exercício no CPC voltado para o combate urbano foi um avanço e demonstrou que o CIAvEx busca sempre manter seus cursos atualizados e, principalmente, atender as demandas das unidades aéreas e do Exército.
Pela Audácia! Aviação! Brasil!
Maj Inf Evandro Luis Amorim Rocha Seção de Emprego e Pilotagem |
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