O sistema de Comando e Controle (C2) já foi utilizado em conflitos no Afeganistão.
Por Cap Com Rodrigo Machado de Oliveira, da SMA
Resumo
A evolução da tecnologia utilizada no teatro de operações moderno fez com que exércitos de todo o mundo aperfeiçoassem não só o treinamento individual básico de seus combatentes mas também o preparo e emprego de suas forças. Porém, visualizou-se, que todo esforço despendido para modernização de um exército seria desperdício de recursos sem um comando e controle à altura.
Neste contexto, o Brasil vem envidando esforços desde 2002, quando o Estado Maior do Exército iniciou, de forma oficial, investimentos no campo da tecnologia da informação aplicada em apoio às operações com o softwareC2 em Combate. No cenário internacional outros softwares merecem destaque, como o sistema JASMINE da empresa polonesa TELDAT.
Este estudo visa, mediante pesquisa bibliográfica e relato dos operadores do sistema, analisar as possibilidades do sistema JASMINE, bem como trazer ensinamentos para o Exército Brasileiro.
Este artigo visa apresentar o sistema JASMINE e analisar suas possibilidades e limitações, todas as fontes utilizadas neste trabalho, foram baseadas em informações cedidas por oficiais de Comunicações e Engenheiros Militares das Forças Armadas da Polônia que trabalham ou já trabalharam com este sistema. Importante ressaltar que o sistema JASMINE já foi testado e experimentado e aprovado em situação real do campo de batalha em conflitos no Afeganistão, Chad, República Centro-Africana e Balcãs, ao longo de vários anos.
1. Sistema JASMINE
O sistema JASMINE ou Network Centric Data Platform JASMINE, é um sistema que vem sendo utilizado amplamente pelas Forças Armadas Polonesas. É um sistema da empresa TELDAT, que criou inovações no comando e controle, comunicações e estrutura de gerenciamento de crise e pertence ao grupo C4ISR Systems (comando, controle, comunicações, computadores, inteligência, vigilância e reconhecimento).
Ele é baseado em módulos, e segue o padrão “NATO Network Enabled Capability” (NNEC), a qual recomenda um padrão de compartilhamento de dados entre os nodos de decisão. Isto porque o sistema foi designado para ser operado e usado por todos os escalões, desde o alto comando até o soldado isolado.
Sua arquitetura é orientada de acordo com o SOA (Arquitetura de Serviços Isolados) incluso nas premissas da NNEC, o que oferece ao sistema a facilidade necessária para atuar em parceria com outros exércitos como missões da OTAN.
1.1 Possibilidades do Sistema
Atingir superioridade de informação e criar importante alerta situacional para as tropas, independente da localização geográfica, monitorando o posicionamento das tropas e seus aliados, desde um único soldado isolado até o escalão considerado;
Provê interoperabilidade com tropas aliadas por possuir padrão OTAN em seus softwares; e
Aumento substancial da segurança dos militares, incluindo soldados e viaturas, através do monitoramento em tempo real por posição GPS, e a possibilidade de prover rápida evacuação.
1.2 Módulos de Operação
Para melhor gerenciamento, o sistema foi dividido em módulos de operação, são eles:
HMS JASMINE, sistema de gerenciamento de Quartel General, permite além de outras funcionalidades conferência em tempo real das unidades e grandes unidades. Todos seus equipamentos são portáteis e são transportados em shelter;
BMS JASMINE, sistema de gerenciamento de campo de batalha, permite gerenciar a mobilidade da tropa empregada , é dedicado à veículos, helicópteros, organizações civis ou qualquer outro vetor que precise ser integrado ao comando;
VIS JASMINE, sistema de intercomunicação veicular. É composto por equipamentos pequenos e que consomem baixa energia, tudo para não exigirem potência desnecessária da fonte nominal dos veículos embarcados; e
DSS JASMINE, sistema de soldado isolado. Certamente a maior inovação da TELDAT, permitindo para um único soldado:
Transmitir dados, vídeos e voz com tecnologia IP;
Suporte de comando para o soldado - desta forma o comandante de pelotão (ou de companhia) pode saber a localização de cada soldado e este militar tem a posibilidade de inserir dados no sistema, que podem ser vistos por todos seus superiores, dando em tempo real o suporte de decisão que o comandante tático e operacional precisam;
Manter interação com soldado isolado mesmo fora de veículos;
Obter superioridade de informação;
Aumento da segurança pelo monitoramento da posição corrente do operador em tempo real;
Possibilidade de criar um significante alerta situacional.
Troca automática de informação, colaborando com os sistemas BMS e HMS;
Análise da situação do terreno, utilizando visualização em 3D;
Troca rápida de mensagens por meio de mensagem de texto (chat); e
Reconhecimento de alvos e comunicação entre os soldados que estiverem utilizando o DSS JASMINE ou NATO JDSS (sistema DSS OTAN).
2 Contribuições
JASMINE permite integrar facilmente membros da Marinha, Exército e Aeronáutica, utilizando o mesmo sistema sem conflitos. As Forças Armadas Brasileiras vêm tentando já há alguns anos, mas sem resultado eficaz por meio do SISMC2 (Sistema Militar de Comando e Controle do Brasil), que engloba o Centro Conjunto de Operações Aéreas (CCOA) da FAB, o Comando de Operações Terrestres (COTER) do Exército Brasileiro e o Centro de Comando do Teatro de Operações Marítimas (CCTOM) da Marinha do Brasil;
Estar de acordo com o padrão OTAN, por utilizar a mesma linguagem desta organização. Facilmente, um militar de nações amigas pode utilizar os equipamentos nacionais sem que haja conflito,inserindo um elemento de forças amigas ao sistema, apenas cedendo um nó de acesso; e
Possibilidade de integrar o sistema de terra aos helicópteros. O BMS JASMINE permite esta integração, o que seria de grande valia para a Aviação do Exército, tendo em vista o crescente número de operações interagências e de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).