Por Maj Inf Nelson Pereira Pinto Homem, da DDP
Em dezembro de 2014, em cumprimento ao Plano de Cursos e Estágios em Nações Amigas (PCENA), quatro instrutores de voo do CIAvEx foram designados para realizar o Curso de Instrutor de Emergências em Simulador de Voo Full Motion da aeronave H350 na empresa Airbus Helicopters Inc., em Dallas (Texas), nos Estados Unidos da América.
Com a ida desses militares para o curso em tela, passaram a ser contempladas, com instrução em simulador de voo, tripulações de todos os modelos de aeronaves da Aviação do Exército. Até então, as tripulações de HA-1, único modelo que não realizava o treinamento em simulador, realizavam curso em empresas civis nacionais.
Ao chegar nas instalações da Airbus, de imediato, foi possível perceber o alto nível da equipe de instrutores e do pessoal de apoio. Desde o material didático até o simulador propriamente dito, tudo o que se pôde observar estava no estado da arte. A preocupação com a disponibilidade dos equipamentos e com a apresentação dos materiais e instalações permeava todos os ambientes e funcionários.
Neste ambiente propício à instrução, em uma turma exclusiva para os oficiais brasileiros, iniciou-se o programa teórico e prático que objetivou habilitar os quatro militares do CIAvEx a ministrar instrução no simulador de H350 da Airbus Helicopters.
O curso iniciou-se com as instruções teóricas sobre o simulador. Foram vistos os procedimentos técnicos, especificações e condutas de segurança e emergência no equipamento. Após esta fase, foram realizadas as instruções práticas.
Para a fase prática, cada aluno operava a estação de controle do simulador sob vistas e orientações do instrutor da Airbus, sendo que outro aluno assumia os comandos para realizar a missão prevista. Este método de ensino permitiu um aprendizado duplo, uma vez que se aprendeu a operar a estação de controle do simulador e, ainda, realizar o treinamento de todas as emergências críticas do HA-1.
O módulo de simulação permite diversos tipos de treinamento. Podem ser executados o voo visual, voo IFR, missões OVN e tiro embarcado. Porém, o curso é focado na utilização do simulador para o treinamento de emergências.
O instrutor de emergências, neste simulador, conta com uma interface que permite monitorar e controlar todos os parâmetros do voo. Esta interface possibilita programar as panes a serem treinadas, condicionando-as ao tempo de voo ou a um parâmetro pré-determinado.
Foram treinadas todas as panes possíveis de ocorrer em uma aeronave HA-1. Por contar com um sistema de Force Feedback no cíclico, as panes de sistema hidráulico eram realizadas em condições muito semelhantes às reais. O apagamento total do motor, com o consequente pouso em autorrotação, também foi treinado à exaustão.
As panes de rotor de cauda, tanto de acionamento quanto de comando, também foram treinadas, incluindo-se aí o corte do motor na curta final e consequente pouso em autorrotação. Foi possível diferenciar a pane de acionamento de comando pelo comportamento da aeronave por ocasião do acionamento do botão de teste dos acumuladores (HYD TEST) pelos 5 segundos previstos no PMV. Para este caso, foi observado que, caso o helicóptero estabilize, mesmo que glissado, a pane é somente no comando do rotor de cauda, porém, se ainda permanecer a tendência de guinada à esquerda, provavelmente será uma pane de acionamento.
Destaque também para as panes que não são treinadas no dia-a-dia da Aviação do Exército. As "Panes Silenciosas", aquelas que não acendem luz ou tocam buzina, como por exemplo, o início da queda de pressão hidráulica ou vazamento de combustível, ao serem inseridas no contexto das missões simuladas, fizeram perceber a necessidade de uma constante checagem dos parâmetros da aeronave. Quanto mais constantemente uma tripulação realiza a conferência das indicações do painel, maior a probabilidade de se identificar uma pane antes que a mesma se transforme em emergência.
Ao concluírem o curso de instrutor de simulador, os militares receberam a credencial da Airbus Helicopters, o que habilita a ministrar a instrução no equipamento. Caso a Aviação do Exército assim o desejar, a empresa permite a locação do simulador de voo na modalidade Dry Lease, onde os responsáveis pela operação do simulador e aplicação de um programa de treinamento de emergências em aeronave seriam então os instrutores devidamente credenciados por este curso, reduzindo, desta forma, o custo de utilização do simulador em aproximadamente 500 dólares.
A missão realizada atendeu aos interesses da Força Terrestre, uma vez que permitiu o adestramento de pilotos em manobras e emergências que não podem ser treinadas em voo real.
Uma vez que o simulador é certificado como Full Flight Simulator (FFS) - Nível B pela FAA, o treinamento poderia, inclusive, substituir o treinamento em aeronave real, desde que regulado em Norma Operacional do Comando de Aviação do Exército. Neste caso, duas grandes vantagens se apresentam, a redução de custos e a desoneração de aeronaves das Unidades Aéreas utilizadas para este fim.
Por fim, é importante ressaltar que a oportunidade de ir até um ambiente onde existem recursos altamente tecnológicos e uma equipe de instrução extremamente experiente possibilita agregar conhecimento à nossa Aviação do Exército, não somente no tocante ao voo, mas também em relação à didática e técnicas de instrução mais atualizadas. ♣
Fotos: arquivo pessoal do autor.
Por Cap QCO Berredo
Por Cap Art Arthur
Por Maj Inf Diniz