O gerenciamento do risco é uma ação naturalmente executada pelo ser humano toda vez que o perigo é considerado na tomada de decisão para a execução de qualquer atividade.
De alguns anos para cá, esse gerenciamento passou a ser sistematizado e aplicado na atividade aérea como um meio de aumentar a Segurança de Vôo diminuindo a possibilidade de ocorrência de acidentes aeronáuticos.
A aviação militar, por necessidade de emprego do helicóptero em operações de combate, tem a necessidade de realizar um gerenciamento do risco voltado especificamente para esse tipo de vôo.
O vôo de combate possui características especiais tais como: vôo a baixa altura, chegando a um mínimo de 3 metros do solo, água ou copas das arvores, com velocidade de até 120 nós (aproximadamente 190 Km/h); emprego de frações de helicópteros que executam vôos em formação com distâncias reduzidas entre as aeronaves; a divisão de tarefas a bordo, com um piloto preocupado só com a condução da aeronave (piloto tático) e o outro com a operação em si (comandante de bordo); a proximidade a obstáculos tais como elevações, árvores, edificações, torres, postes e fios de alta e baixa tensão, devido à própria característica do vôo de combate (deslocamento à pequena altura para fugir à observação inimiga, escondendo-se no terreno); utilização do armamento aéreo o qual exige grande treinamento, principalmente no seu manuseio; além de outras características.
Outro fator importante a ser considerado é a presença do inimigo em situações de combate real. A chance de um helicóptero ser abatido é grande, pois por ter desempenho baixo (os mais rápidos chegam a aproximadamente 160 nós – 290 Km/h) e possuir um teto operacional pequeno em relação às aeronaves de combate de asa fixa, torna-se bastante vulnerável à artilharia antiaérea e aos mísseis e armas portáteis.
A preocupação com a segurança no vôo de combate se divide em dois tópicos: segurança tática e segurança técnica. Durante a execução da missão cada uma torna-se mais importante de acordo com a necessidade. Por vezes é preferível se expor ao inimigo para não provocar um acidente ou arriscar mais na condução da aeronave para que o mesmo inimigo não tenha chance de derrubá-la.
Porém, durante o planejamento podem ser previstos em que momentos estas situações ocorrerão através de um estudo detalhado do terreno, o conhecimento sobre as possibilidades do inimigo e, principalmente, a preparação das tripulações. Fatores como esses poderão ser levados em consideração no preenchimento de um Formulário de Gerenciamento do Risco (FGR) específico para o vôo de combate.
Com todas essas considerações, é importante ter-se em mente que o vôo de combate possui nuances que tornam especiais os cuidados na execução do mesmo, exigindo preocupações específicas para que o gerenciamento do risco seja realmente efetivo. |