As organizações que trabalham com atividades de risco vêem-se constantemente diante de um grande desafio: preocupar-se somente com o seu desempenho ou levar em consideração a segurança, podendo diminuir, em algumas situações, a sua capacidade de trabalho?
Todos sabemos como é importante que a nossa organização atinja seus objetivos, ou seja, cumpra suas missões da melhor maneira possível. Isto se traduz no termo operacionalidade. Mas, qual sua definição?
Operacionalidade é a capacidade que uma organização tem de atuar como um todo integrado, afim de cumprir as missões previstas em sua base doutrinária e inerentes à sua natureza e escalão, para as quais foi organizada, dotada de pessoal, instruída, adestrada e equipada, ou seja, as missões para as quais foi preparada. Pela definição, a grande preocupação está no cumprimento das missões, em função das quais a organização existe e está sendo continuamente adestrada. Para isto, são executadas atividades, cujo objetivo final é a máxima utilização da capacidade operacional. Uma análise rápida dá-nos a impressão de que não há preocupação com a segurança. O que importa é atingir o objetivo final a qualquer custo.
Mas e quanto à segurança? Como poderíamos encaixá-la neste contexto?
A segurança pode ser definida como a condição de estar protegido de perigo ou perda. Podemos, ainda, entendê-la como o conjunto de medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho. De acordo com essas idéias, a preocupação com a segurança está relacionada à preservação dos bens e pessoas e à manutenção do desempenho da organização. Portanto, observamos que há uma idéia de relacionamento amistoso entre a segurança e a operacionalidade.
Um fator que normalmente diminui a vontade de um chefe em dar a atenção necessária à segurança é o custo desta atividade. No entanto sabe-se que por mais elevados que sejam os custos necessários à implementação de qualquer a ação relativa à segurança, nunca será maior que os prejuízos provocados por um acidente. Os custos advindos desses prejuízos podem ser diretos ou indiretos. Os diretos referem-se às perdas materiais (equipamentos ou instalações) ou pessoais (ferimentos, incapacitações ou vidas humanas que não podem ser repostas); os indiretos referem-se aos gastos com a investigação dos acidentes, atividades de manutenção, compras de novos equipamentos e, em muitos casos, aos processos judiciais e pagamentos de indenizações às pessoas afetadas.
Esses custos podem ser minimizados com o desenvolvimento de atividades de prevenção que exigem o apoio irrestrito do chefe, tendo em vista ser ele o responsável pelas tomadas de decisão e distribuição dos recursos de sua organização. E por ser o chefe, tem a responsabilidade considerar outros fatores, principalmente na alocação dos recursos, pois o que é utilizado em determinado setor não o será em outro. Assim, volta a se defrontar com o desafio segurança versus operacionalidade.
Ainda que a personalidade e a formação acadêmica do chefe sejam voltadas para o cumprimento das missões, ele não pode deixar de levar em conta a preocupação com a segurança, pois ela permitirá que a organização atinja o máximo de sua operacionalidade. A segurança existe para que todas as atividades possam ser executadas sem perdas, o que, no final, resultará no cumprimento das missões com o menor custo possível, tanto financeiro, quanto em relação à capacidade operacional.
Outro fator importante a ser considerado é a capacitação técnica. A instrução adequada do pessoal aliada ao uso correto dos equipamentos são a base do melhor nível de adestramento que a organização poderá obter. Este fator está presente na definição de operacionalidade citada anteriormente. Ele é inerente à rotina de trabalho pois, se não houver a adequada preparação do pessoal para a execução de suas funções, a organização não terá condições de realizar seus trabalhos com eficiência. Sempre haverá alguém que deixará falhas na execução do seu trabalho por problemas na sua preparação. Essas falhas poderão ser reduzidas com um melhor adestramento, o qual deverá incluir a preocupação com a segurança. Portanto, um adestramento adequado leva a uma melhor capacidade operacional que, por conseqüência, leva à realização das atividades com segurança.
Do exposto anteriormente, conclui-se que a operacionalidade deve ser o farol para a organização. No entanto, ela não pode prescindir da segurança, pois só com um trabalho seguro poderemos atingir o máximo da capacidade operacional.